sábado, 12 de setembro de 2009

Up - Altas Aventuras*



Manual que funciona – em animação

Tentar descrever o que fica de Up – Altas Aventuras (Up – EUA, 2009), de Pete Docter (co-direção de Bob Peterson) é cair em potencialmente irritantes frases de auto-ajuda. O que, se por um lado é sintomático ao explicitar a (suposta) superficialidade do filme, também é injusto, pois ele é muito mais que um resumo de preguiçosos e otimistas lugares-comuns.

Up é, e parece feliz com isto, um filme com perguntas e respostas prontas – certas ou não, independente de sua complexidade –, mas seu grande mérito está no desenvolvimento não só de sua potencialidade como de uma certa exclusividade audiovisual. Aqui, o mundo e as coisas são possíveis e palpáveis não (apenas) no cinema, e sim, mais especificamente, na animação.

Terminada a sessão, o sentimento agridoce do viver a vida e passar o tempo é enxugado em uma esperada alegria final recomendada a produtos com público alvo tão grande. O que deixa claro que ele segue medidas seguras, mas de uma empresa autora – Wall-E, Procurando Nemo, Ratatouille, Toy Story são também filhos da Pixar. Que, infelizmente, não faz parte da regra importada, de um nível um bem mais baixo – mas, felizmente, fala por bem por ela, como exceção.

Filme: Up – Altas Aventuras (Up – EUA, 2009)
Direção: Pete Docter (co-direção de Bob Peterson)
Elenco (vozes de): Edward Asner, Christopher Plummer, Jordan Nagai.
Duração: 96 minutos

8mm
Gran Torino

Não deixa de ser curioso um filme, à priori, para crianças, falar de velhice. Que, em boa parte do tempo, me lembrou o muito-muito bom Gran Torino (2008), de Clint Eastwood. Mas isto talvez não tenha nada além do óbvio superficial e seja apenas viagem de quem está de mudança e não pensou em nada de muito diferente para colocar aqui...

Filmes da semana:
1. Barfly (1987), de Barbet Schroeder (***1/2)
2. Via Crucis (2008), de Monique Alves (curta) (**1/2)
3. A Ilha dos Prazeres Proibidos (1979), de Carlos Reichenbach (***)
4. Whity (1971), de Rainer Werner Fassbinder (***)
5. A Profecia (1976), de Richard Donner (***)
6. Up – Altas Aventuras (2009), de Pete Docter (co-direção de Bob Peterson) (cinema) (***1/2)
7. Os Amores de uma Loira (1965), de Milos Forman (***)
8. Sobre Meninos e Lobos (2003), de Clint Eastwood (****1/2)

* Coluna também publicada no http://www.pimentanamuqueca.com.br/.

4 comentários:

Rafael Carvalho disse...

Pixar mantém ótimo nível depois da obra-prima que é Wall-e, e isso não é pouca cosa. Como você disse, podia se tornar um filme de auto-ajuda, dos mais básicos, mas é bastante cativante. Só penso que o ritmo da metade da narrativa cai um pouco. De qualquer forma, um filme bem família. E tecnicamente impecável.

Sobre o Gran Torino, a relação é bem pertinente, muito embora eu tenda a gostar bem mais da animação da Pixar, acho o filme do Eastwood uma bola fora, apesar da grande intenção.

heron disse...

tava falando com joão [sim, ele também não acreditou]: achei UP bem ruim.

acho que os caras da Pixar se renderam à pressão da concorrência - aos exemplos de grosseria que são os 3 eras do gelo - e fez um filme tim-tim por tim-tim, ululantérrimo, sem qualquer delírio de uma história infantil (os brinquedos de Toy Story estão vivos, os heróis de Vida de Inseto são circenses e por aí vai). enfim, achei tudo muito "emoções baratas".

ou será que estou ficando com o coração gelado?

João Daniel disse...

"Ululantérrimo" é o termo do ano, usarei lolko.


Vou ver Up um dia, um dia comento.

E Heron deixou de ser sensível quando foi pra terra do tubaranguejo.

heron disse...

john, quando te disser de onde tirei "ululantérrimo" vc não vai mais querer usar hihihihi

deixei de ser sensível? será que minhas crises de menino mimado não foram suficientes para provar que estou, na verdade, hiper-sensível?