segunda-feira, 24 de junho de 2013

Simplicidade e foco com política*



As impressões acerca de Menino do Cinco (2012), de Wallace Nogueira e Marcelo Matos de Oliveira, saem mais de uma semana depois de ver o filme, mas pouco mudaram do primeiro dia pra cá.

Nos primeiros planos, um menino só em casa e outro na rua, que toma atitude mal pensada que desencadeia todo o conflito. Daí pra frente, um cachorro assume o protagonismo, sem cair em armadilhas fáceis num caso como esse, e os personagens e suas ações viram guias do filme, sobrepujando até o que em outros casos seria prioridade.

Pode-se falar em crítica social, à classe média e à classe média soteropolitana, pode-se falar em filme político, mas ele flui, entre outros motivos, porque seu norte é claro e seguido do início ao fim: ele persegue os personagens.

Pouco ou nada vemos de grandes planos gerais, e se for o caso perdemos o foco da imagem para não perdermos o foco dos que seguimos.

Com simplicidade de poucos cortes e câmera solta, ápice é no plano final, precedido por cena com tensão que deixa claro um domínio de meio sem passar a impressão de virtuosismo excessivo ou de exibicionismo.

Há ressalvas em relação ao descuido inicial que gera o conflito, embora ele possa ser justificado por tentativa de menino ir atrás de seu ganha-pão, como também há ressalva no momento em que o menino de classe média vai para a rua sozinho, onde vê-lo tomando chuva em ponto de ônibus e no meio do nada, caminhando, é uma imagem tão bonita quanto pouco crível.

Ainda assim, a força do filme reside também no contraste. Para nem falar no afastamento entre as classes sociais já abordado em dezenas de outros filmes recentes, geralmente de maneira menos feliz, temos a diferença entre a calmaria dos personagens em seus respectivos mundos e o desfecho, cheio de egoísmo e crueldade, todos em sintonia com o filme.

Numa época em que as boas intenções viraram regra, é ótimo ver um filme em que a boa execução e a simplicidade se juntam a elas de um jeito tão eficaz.

* Também publicado em http://www.cinematotal.com/la.

sábado, 1 de junho de 2013

Maio*

Séries elevando média.

20. Neil Young Journeys (2012), de Jonathan Demme (*1/2)
19. O pipoqueiro e o cinema (2013), de Adler Kipe Paz e Kico Póvoas (**)
18. Mestre, O (2012), de Paul Thomas Anderson (**1/2)
17. Ricos e estranhos (1931), de Alfred Hitchcock (**1/2)
16. Meteorango Kid: Herói Intergalático (1969), de André Luiz Oliveira (**1/2)
15. Cellphone (2010), de Daniel Lisboa (**1/2)
14. O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012), de Christopher Nolan (**1/2)
13. Shortbus (2006), de John Cameron Mitchell (**1/2)
12. Santos para sempre na Pele (2013), de Bruno Curti e Lorraine Lopes (***)
11. Treme S02E05 (2011), de Rob Bailey (***)
10. Mad Men S06E05 (2013), de Christpher Manley (***)
9. Treme S02E06 (2011), de Roxann Dawson (***)
8. Mad Men S06E06 (2013), de Jennifer Getzinger (***)
7. Mad Men S06E07 (2013), de John Slattery (***)
6. Treme S02E08 (2011), de Ernest Dickerson (***1/2)
5. Searching for Sugarman (2012), de Malik Bendjelloul (***1/2)
4. Treme S02E07 (2011), de Brad Anderson (***1/2)
3. Elena (2012), de Petra Costa (***1/2)
2. Mad Men S06E08 (2013), de Michael Uppendahl (****)
1. Mad Men S06E09 (2013), de Phil Abraham (****)

* Também vista em http://www.cinematotal.com/la.