(Com spoilers.)
Um dos diretores franceses mais ativos de sua geração, aos 45 anos François Ozon já tem 13 longas, o último deles Dentro da Casa (Dans la maison – França, 2012), onde ele se volta ao suspense e, em menor escala, à sexualidade.
Um filme bacana, que funciona razoavelmente bem, até que lembramos de trabalhos anteriores dele, e até o tom brigar com a pretensão.
Um dos diretores franceses mais ativos de sua geração, aos 45 anos François Ozon já tem 13 longas, o último deles Dentro da Casa (Dans la maison – França, 2012), onde ele se volta ao suspense e, em menor escala, à sexualidade.
Um filme bacana, que funciona razoavelmente bem, até que lembramos de trabalhos anteriores dele, e até o tom brigar com a pretensão.
Na comédia-musical-satírica
à la Agatha Christie que é 8 Mulheres (2002), Ozon teve um elenco espetacular que deu qualidade e carisma a um resultado despretensioso e divertido, mas que
já tinha um lado sacana símbolo principalmente de outros dois filmes do
início da carreira dele.
Gotas D’Água sobre Pedras Escaldantes (2000) e Swimming
Pool – À Beira da Piscina (2003), apesar de abençoados pela tão sexy quanto
talentosa Ludivine Sagnier, tinham uma câmera que trazia sensualidade sem
prejudicar a leveza narrativa. Já em Dentro
da Casa, embora permaneçam importantes para o todo, Ozon diminuiu a libido e a fluência.
Agora, a história
gira em torno de professor de literatura (Germain, Fabrice Lucchini) que
conhece aluno talentoso (Claude, Ernst Umhauer), cujos textos dizem respeito às
visitas dele à casa de um colega de sala (Rapha, Bastien Ughetto). Histórias
que vão crescendo, por atração, tensão e insinuações bem criadas e mantidas entre
os que estão ali, naquela casa.
Nesse percurso, o
que inclui o roteiro de Ozon adaptado de uma peça do espanhol Juan Mayorga, ele
consegue nos enganar com o batido e não exatamente fácil “isso aconteceu
mesmo?”, inclusive deixando o filme menos sisudo ao fazer o jovem talentoso
olhar para a câmera e ao trazer o professor para cena em que só seu pupilo o
enxerga.
Mas se essas quebras
levam um tom jocoso ao filme, terminam por jogar contra ele no final, quando
som e imagem carregam uma presunção ausente até ali, no que pode ser visto como
uma homenagem, mas que também pode ser visto como uma pretensão descabida.
É complicado ir da
leveza à grandiloquência, é complicado ir de Woody Allen a Hitchcock (logo a Janela Indiscreta?!), e é o que
Ozon parece querer fazer do banco para o desfecho.
Lógico que permanece uma trama que, apesar às vezes apressada, é bem conduzida, mas uma pena que a pretensão e os parênteses joguem contra um filme que preza tanto pelo prazer de escrever, ler e contar histórias.
* Texto também publicado aqui.
* Texto também publicado aqui.