Boa Sorte, Meu Amor
(2012, Brasil), de Daniel Aragão, é uma seleção de craques que não consegue
formar um time à altura.
Temos uma protagonista com beleza, carisma e talento muito acima da média, a fotografia estilizada é de um esmero notável na iluminação e nos enquadramentos, diálogos misturam sapiência e leveza, e o filme tem algo a dizer e a mostrar.
Apresentação é com imagens estáticas do sertão que culminam em imagem de homem enterrado, com apenas parte de rosto à vista. A cena seguinte tem um gigantesco plano cheio de sombra que, após um longuíssimo zoom-in, é finalizada com frase a respeito da família e da opressão.
Pouco depois, o primeiro plano de
Maria (Cristina Ubach) que, assim como todas as vezes que ela aparece, domina
a tela. Aliás, quase todo plano feminino transmite um prazer de quem está atrás
de câmera. No entanto, assim que ela sai do filme, acaba o interesse.
As imagens mantêm a média de estilo e de duração, mas não a força. E como o desde o início planos imensos são mesclados com outros bem mais curtos que parecem fazer parte de um filme bem mais dinâmico, a sessão perde ritmo e fôlego.
As imagens mantêm a média de estilo e de duração, mas não a força. E como o desde o início planos imensos são mesclados com outros bem mais curtos que parecem fazer parte de um filme bem mais dinâmico, a sessão perde ritmo e fôlego.
Finalizado o filme, todo o estilo, que vai desde os enquadramentos e o preto e branco à trilha sonora, ajuda menos que destoa do tom naturalista e crítico que existe ali. Cheios de personalidade, estilo e "mensagem" estão em conflito.
Mesmo perceptível o diálogo com conterrâneos, Boa Sorte, Meu Amor parece um filho bastardo de Buñuel com Tarantino. Ainda que o DNA pernambucano e talentoso esteja lá, bem claro.
* Texto também publicado em cinematotal.com/la.
* Texto também publicado em cinematotal.com/la.