Até agora foram apenas cinco filmes em maio. Outra mudança a conta-gotas e período de início de trabalho se juntam à ausência do DVD para esculhambar tudo. Lado positivo é que apenas Lope (2010), de Andrucha Waddington, pareceu realmente descartável – apesar da sempre ótima Pilar López de Ayala (Na Cidade de Sylvia).
As coisas mais relevantes – e não necessariamente melhores – foram o Tio Boonmee que pode recordar de suas vidas passadas (2010), de Apichatpong Weerasethakul, e O Leão de Sete Cabeças (1970), de Glauber Rocha. Aqui é válido o clichê de que não são filmes, mas experiências.
Cheguei a cochilar no caso de “Joe”, e complexidade de Glauber pode levar ao desinteresse (fio narrativo é menos forte que sequências) mas – apesar dos quarenta anos que separam os filmes – é monumental a crença no meio que usam. Neles, a imagem e o som geralmente soam mais importantes que história que contam. Ainda que talvez não saiba resumir caminho que trilham, carregarei para sempre imagens de ambos.
(Spoilers!) As apresentação do e as imagens dos homens-macacos e seus olhos vermelhos, e a “aparição” em Tio Boonmee, assim como a abertura de O Leão e a cena em que Hugo Carvana cumprimenta um por um os africanos antes de fuzilá-los, em fila, já bateram o carimbo. (Fim de spoilers.)
Neste último plano, como acontece em boa parte de muitos dos filmes de Glauber, temos um diretor que defendia “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”, mas que calculava e pensava movimentos e atores. Mesmo dentro do caos que emana de seus filmes, em uma palavra, ele se importava com a mise-en-scène. Muita gente adora dizer que está seguindo conselho dele, mas – para nem falar em talento – maioria não tem nem o cuidado nem o tesão de filmar que ele tinha.