quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Entrega extrema



Um filme muito decupado até para os padrões de hoje, o que tende a ser um paradoxo quando pensamos no foco (as atuações), na época (década de 1960) e na duração (130 minutos). Em outras palavras, rever Faces (1968), obra-prima de John Cassavetes, dá a certeza de estar diante de um filme referência, talvez a maior delas, quando o assunto é a total entrega a personagens, e as consequências por vezes extremas disso.

Pode-se divagar que boa parte dos filmes dele é resultado da cumplicidade com a equipe e principalmente com os atores, basicamente o mesmo grupo de amigos, com sua visão crítica e pouco feliz da vida. Só que em Faces ele atinge um ápice na mistura do experimentalismo que ele começou em Sombras (1959) com o foco nas reações aos pontapés que a vida dá em cada um dos personagens.

Tecnocratas do século XXI têm alguns motivos pra não gostar do filme. Se for o caso, Cassavetes deixa de lado o som (às vezes bruscamente cortado), a continuidade da imagem (são inúmeros os “erros”), a câmera (em um momento, vemos o cinegrafista), a fotografia (às vezes sem foco), tudo pela captação de rostos e expressões raramente tão explorados.

Às vezes eles duram um ou dois segundos, às vezes duram um minuto, às vezes são estáticos, às vezes são potencializados por zoom-ins, mas os close-ups, especialmente de Gena Rowlands (Jeannie) e Lynn Carlin (Maria), figuram fácil entre os maiores do cinema.

As duas sofrem mais que os homens, e as reações delas diante de decepções já valeriam os 130 minutos do filme. Mas temos aí atuações periféricas monumentais que, com o tipo de direção que Cassavetes imprime, têm suas almas escarafunchadas. Resultado não é fácil de se obter, é mais difícil ainda de se manter, e consegue ser extremo e carinhoso ao mesmo tempo.

* Texto também publicado em http://cinematotal.com/la.

domingo, 12 de janeiro de 2014

Top 2013

Tempo foi tomado por trabalho, do do ponto até o de Habeas Corpus, mas em breve publico texto também.

Sobre 2013, lembranças válidas para This Must Be The Place, de Paolo Sorrentino, The Canyons, de Paul Schrader, Elena, de Petra Costa, Passion, de de Palma, e Django Livre, de QT. Gostei deles menos do que queria ter gostado.

Holy Motors, de Leos Carax, não conta porque vi atrasado – e seria top do ano passado.

10. Searching for Sugar Man, de Malik Bendjelloul
9. Frances-Ha, de Noah Baumbach
8. Deixe a Luz Acesa, de Ira Sachs
7. Spring Breakers, de Harmony Korine
6. Aquele Cara, de Dellani Lima
5. Antes da Meia-Noite, de Richard Linklater
4. Vocês Ainda Não Viram Nada, de Alain Resnais
3. O Som ao Redor, de Kleber Mendonça Filho
2. Killer Joe, de William Friedkin
1. Tabu, de Miguel Gomes

* Texto também publicado em http://cinematotal.com/la