Créditos costurados,
pedaços de boneca caindo, sangue, grito, uma criança com olho preguiçoso, e um
conselho da mãe.
“Se não consegue fazer amigos, construa-os”.
Assim começa May – Obsessão Assassina (May – EUA,
2002), longa de estreia de Lucky Mckee que pode levar muita gente a encontrar
metáforas e simbolismos, mas que não é o tipo de filme que se importa mais com
um suposto debate posterior que com suas imagens e o que elas têm a dizer.
Existe o conflito, o
que leva a personagem a ter um comportamento estranho que, com o decorrer do
filme, só piora. Também existe muito sangue e os momentos em que pode ser
difícil manter os olhos na tela. No entanto, May
não se limita a uma história que envolve vingança e a um visual gore, como milhões
de outros aí afora.
Vemos assassinatos
estilosos, porém vemos um ser que é tão esquisito, por desejos e falhas pouco
usuais, quanto humano, por ter desejos e falhas.
May não é um
psicodrama hipster, e sim um filme
que usa um gênero (gore), um sentido
(visão) e um sentimento base (solidão e derivados), não importa se você conhece ou
não o novo sucesso indie da música e do cinema. Sua deficiência e sua criação
potencializaram frustrações, mas May sente raiva, desejo e se decepciona,
como qualquer ser humano.
Um retrato cruel, como
seria inevitável em meio aos problemas que vão da genética à mãe. Só que também um retrato doce, e maior prova disso é a última sequência, quando dor, carência e carinho convivem harmoniosamente. É um desfecho que mistura bem beleza e penitência, como o resto do filme.
(Originalmente publicado na Clitoris - Ed. 5.)
(Originalmente publicado na Clitoris - Ed. 5.)