sábado, 27 de março de 2010

Bons Costumes*







Logo no início de Bons Costumes, somos apresentados a uma insuportavelmente aristocrata família do interior inglês (nos anos 20), que espera o filho com sua respectiva esposa, surpreendente não só ao ser americana – sem disfarçar o sotaque – como também ao ser mais velha que o imaginado. Tudo funciona em torno das conturbadas relações entre ela e a família dele, especialmente a mãe, uma Kristin Scott Thomas em sempre convincente inconveniência. Do ritmo à entonação, ambos bem específicos e afastados de uma atuação mais naturalista, percebemos que Bons Costumes, de fato, passa a certeza de ser adaptado de uma peça. O que não é, felizmente, a mesma coisa de teatro filmado.

Com base em um roteiro bem estruturado, aliado a um excelente texto escrito para a tela ainda com todo um ranço teatral, Stephan Elliott (Priscilla – A Rainha do Deserto) utiliza o seu domínio de cinema para potencializar o que existe de bom ali. Ele conduz tudo com leveza e domínio do meio, mostrando (pelo bem do andamento do filme) a utilidade como movimento de câmera, da mudança de locação na continuidade de uma cena, da presença e do acontecimento de coisas impossíveis no teatro – sem entrar no mérito da comparação da qualidade de um com o outro.

Curiosamente, o tom acima de quase tudo em Bons Costumes contrasta com uma pretensão que visa qualquer coisa menos o topo. É um filme tão old school, e com olhar tão caro ao passado que deixa claro se contentar em ser um bom retrô. É como ver, numa botique contemporânea, uma camisa nova mas com a pinta de uma datada e charmosa peça de brechó. Dado seu caráter de aparência inicial inegavelmente genérica, ela precisa ser analisada de perto para perceber que, em seus poucos detalhes, ela figura entre as mais diferenciadas.

Ps: Enquanto revisava o texto, consegui o feito de deletar parte de um parágrafo e, sem perceber (sabe-se lá como), salvar e sair – ou equivalente. Como resultado, tive de apagar todo o parágrafo, que ficaria entre o segundo e o terceiro daí. Crítica perdeu nexo.

Bons Costumes (Easy Virtue – EUA/ Canadá, 2008)
Direção: Stephan Elliott
Elenco: Jessica Biel, Ben Barnes, Kristin Scott Thomas, Colin Firth
Duração: 97 minutos
Projeção: 2.35:1

8mm
Top-10 Março:
10. Separações (2002), de Domingos Oliveira (***) e Not Quite Hollywood: The Wild, Untold Story of Ozploitation (2008), de Mark Hartley (***)
9. Mad Max (1979), de George Miller (***1/2)
8. A Faca na Água (1962), de Roman Polanski (***1/2)
7. Mãe – A busca pela verdade (2009), de Joon-ho Bong (***1/2)
6. Sem teto, nem lei (1985), de Agnès Varda (***1/2)
5. Medos Privados em Lugares Públicos (2006), de Alan Resnais (***1/2)
4. Ilha do Medo (2010), de Martin Scorsese (***1/2)
3. Intriga Internacional (1959), de Alfred Hitchcock (****)
2. Encontros e Desencontros (2003), de Sofia Coppola (****)
1. Bastardos Inglórios (2009), de Quentin Tarantino (****1/2)

Filmes da semana:
1. Mad Max (1979), de George Miller (DVD) (***1/2)
2. Martha (1974), de Rainer Werner Fassbinder (DVD) (***)
3. Bastardos Inglórios (2009), de Quentin Tarantino (DVD) (****1/2)
4. Lili Marlene (1981), de Rainer Werner Fassbinder (DVD) (***)
5. Malena (2000), de Giuseppe Tornatore (DVD) (**)
6. Aos Treze (2003), de Catherine Hardwicke (DVD) (***)

* Coluna 70mm também publicada no www.pimentanamuqueca.com.br.

quinta-feira, 25 de março de 2010

A ignorância de Julio*

“Eu não entendo tanto de cinema”
se desculpa.
“Não tem importância, querida
Não cobro fiança.”

“Gosto da Argentina, contudo”
se redime
“Por causa de Maradona?”
aperto
“Não exatamente.
Menos por ele que pelo espírito
platino”
se desafoga
antes de jogar a bomba
“Mas também por causa de Julio.”
“Grondona?”
fico com medo
“Não, Cortázar”

“Isso merece um brinde”
ainda incrédulo
“À Argentina de Cortázar
parisiense
e a Michelangelo
Em Londres”

“Isso eu entendi”
se espinha
feliz
“O mundo seria melhor
se toda mulher que não entendesse tanto
de cinema
lesse Cortázar”
ganho em euforia

“E”, bebe
compulsivamente, antes de completar
“E, como ia dizendo
O mundo seria melhor
se todo e qualquer
imbecil
percebesse quantos gênios
ou quase isso
nossos vizinhos já fizeram”
declama em praça pública
da cama própria
“Ah, se fosse sempre assim
a ignorância cinematográfica...”

Salvador e Itabuna, fevereiro de 2010

Beijo
As Babas do Diabo, conto de Julio Cortázar, é uma maluquice sem tamanho – e muito talento. Como é a adaptação, completamente infiel, de Michelangelo Antonioni: Blow Up – Depois Daquele Beijo (1966). Uma partida de tênis nunca mais será a mesma...

Argentina
Já que o texto está quase uma ode à Argentina, além de Cortázar, da literatura, bom frisar que não falta gente boa no cinema dos nossos estimados vizinhos. De Pablo Trapero e sua Família Rodante (2004) a Lucrecia Martel e sua Menina Santa (2004). Isso para não falar no mais acessível, especialmente se comparado a Martel, O Filho da Noiva (2001), de Juan José Campanella. Por favor, eles também são bons.

* Coluna Cinebar originalmente publicada na (também impressa) edição de março do Jornal Direitos - www.jornaldireitos.com.br.

sábado, 20 de março de 2010

Um Sonho Possível*




Profissão institucional

Um Sonho Possível
(The Blind Side – EUA, 2009), como tantos outros, é um filme constrangedor eclipsado por uma história bonita – ou vice-versa, a depender de seu ponto de vista. E ainda que tenha seus momentos, é difícil imaginá-lo como algo além de “aquilo que levou Sandra Bullock ao Oscar”.

O filme é adapatado e dirigido por John Lee Hancock, homem de esportes (Desafio do Destino) e de drama histórico (O Alamo), ambos baseados em fatos reais. Em Um Sonho Possível, ele parece renovar por vários anos o seu contrato com professores de história e defensores da auto-ajuda; com o importante adendo de que o contrato ecoa muito mais forte que o cinema.

A história é de Michael Oher (Quinton Aaron, de tão repetitivo, mais irritante que expressivo), jovem obeso, negro, pobre e sem família, que só consegue vencer na vida depois de ser adotado por uma abastada família branca. O filme tem lá suas boas ideias e pontos interessantes, mas o curioso é que o melhor dele talvez seja o fato de não falar de um quarterback, e sim de um left-tackle, uma posição (assim como a outra, sem correspondência exata no “nosso” futebol) pouco visível e nada vistosa para leigos no futebol-americano.

Logicamente, algo está errado se o maior mérito do filme está na sua sinopse, e não na sua execução. E o que mais soa equivocado em Um Sonho Possível é a obsessão de ele trazer para si um peso que nunca sustenta. Caso a tristeza e a agonia, que estão lá, fossem exibidas em CNTP, o resultado seria menos redundante, mais palpável e próximo de uma situação verdadeiramente real. A dor e circunstâncias já são tão inimagináveis para a maioria que não havia a necessidade de se passar tanto o marcador de texto. Machuca os olhos.

Quando chega em seu final, como acontece com o começo, Hancock volta a convocar o caráter esportivo e oficial, em tom que lembra muito 2 Filhos de Francisco – A História de Zezé di Camargo e Luciano (2005), de Breno Silveira. O senão é que no caso brasileiro o problema maior é a brusca mudança de tom (de um razoável melodrama a um embaraçoso institucional pretensamente intimista), enquanto que, aqui, o “real” não “intervém”, e sim completa da maneira mais preguiçosa possível. O que contribuiu para a vitória do caráter podre de oficial que Hancock parece tanto buscar. Bem maior que sua vontade em (e, provavelmente, de seu talento para) fazer cinema.

Ps: Curiosamente, Sandra Bullock é a melhor coisa do filme – e ainda que exista o óbvio demérito dele, existe também o mérito dela. Mais do que nunca, ela e o diretor parecem cientes não só das suas limitações, como também de como ela (depois de se conter e/ou de esforçar muito pouco em quase tudo que fez) pode funcionar através de seu carisma e de seu contido esforço em trazer algum humor para a cena. Por outro lado, também acho que contribuiu o contraste, a expectativa criada depois de vermos a loirice e a aparência inicial tão fútil e imbecil para uma atriz que, há tempos, não era mais levada a sério.

Visto, em cabine de imprensa, no Multiplex Iguatemi – março de 2010

Um Sonho Possível (The Blind Side – EUA, 2009)
Direção: John Lee Hancock
Elenco: Sandra Bullock, Tim McGraw, Quinton Aaron, Jae Head, Lily Collins
Duração: 129 minutos
Projeção: 1.85:1

8mm
Sem Teto, Nem Lei (1985)
Quando o assunto é o movimento hippie e seus ideais, começamos geralmente do irregular (mas relevante) Easy Rider – Sem Destino (1969), passamos pela excepcional adaptação de Hair (1979), de Milos Forman, e, infelizmente, chegamos a Ang Lee se lambusando com o fraco Aconteceu em Woodstock (2009). Independente da qualidade, a maior parte deles tendem a um olhar lúdico, de prazer sem ônus, ou, no máximo, de um enfoque na beleza da melancolia. Em Sem Teto, Nem Lei (1985), contudo, a belga Agnès Varda mostra a vida de uma francesa, a quem somos apresentados já morta e que, vamos assistindo, levou às últimas consequências seu modo de vida que, sem casa, vivia entre, e debatia sobre, a extrema liberdade e a extrema solidão. Apesar de alguma redundância talvez potencializadora, mas também maçante, temos um retratro cru (e cruel), com honestidade reforçada não só pela forma como tudo é mostrado, como também pela atuação de Sandrine Bonnaire. Quase obrigatório.

O Livro de Eli (2010)
O Livro de Eli (2010) pode ser resumido como uma versão, além de pouco feliz, catequizadora de 451 Fahrenheit (1966) de Truffaut. Mas se o filme do ex-Cahier é um de seus mais fracos, pelo menos carregava uma límpida paixão pelos livros. O Livro de Eli, por sua vez, se resume a dois ou três planos-sequências (ou que passam a ilusão de o serem), sem nada além da pura técnica ou da estilização, que não convencem. Nem a inerente paixão pelo tema se faz presente de verdade.

Filmes da semana:
1. Boleiros – Era uma vez o Futebol... (1998), de Ugo Giorgetti (DVDRip) (**1/2)
2. Os Esquecidos (1950), de Luis Buñuel (DVDRip) (**1/2)
3. Not Quite Hollywood: The Wild, Untold Story of Ozploitation (2008), de Mark Hartley (DVDRip) (***)
4. Sem Teto, Nem Lei (1985), de Agnès Varda (sala Walter da Silveira) (***1/2)
5. Um Sonho Possível (2009), de John Lee Hancock (Multiplex Iguatemi – Cabine de imprensa) (**)
6. O Livro de Eli (2010), dos irmãos Hughes (Cinemark – Cabine de Imprensa) (**1/2)
7. Bons Costumes (2008), de Stephan Eliott (Cine Vivo) (***)

* Coluna 70mm também publicada no www.pimentanamuqueca.com.br.

sábado, 13 de março de 2010

Ilha do Medo*



O triste fim da agonia

Desde a apresentação do logo da Paramount em Ilha do Medo (Shutter Island – EUA, 2010), embora flerte com o clichê, a soturna trilha sonora se distancia o suficiente do óbvio para trazer uma convincente agonia que parece não ter fim. E apesar do roteiro ser tão pouco crível (a ponto de nem se encaixar com a certa dose de exagero proposta), Ilha do Medo é também, enquanto combinação de som e imagem, um dos resultados mais potentes obtidos por Scorsese nos últimos anos – ainda que essa mesma potência termine por escancarar os contras do filme.

A paranoia – e praticamente tudo ligado a ela, o que não é pouca coisa – é sentida por Teddy Daniels (Di Caprio soberbo), detetive cujo passado tem o hábito de atormentá-lo, desde a passagem pela guerra a problemas familiares. Essas sequências são mostradas em cenas com expressividade e (em alguns casos) estilização que se juntam a uma leveza para a criação de uma forte empatia com o atormentado Daniels. Obcecado por questões obscuras não só no seu passado como na inóspita, hostil e aterrorizante ilha-manicômio onde se encontra, ele mergulha cada vez mais em um mundo cheio de perguntas sem resposta.

O porém é quando essas perguntas, e outras que não eram feitas, ganham resposta – não li o livro e não sabia da reviravolta. É inevitável lembrar de detalhes e momentos marcantes do filme que, quando colocados juntos à sua mudança de rumo, fazem essa virada tão surpreendente quanto tola. Assim como boa parte da penúltima cena, que investe um bom tempo em uma explicação – quase tão irritante quanto detalhada – do que aconteceu. O fim da tensão aflitiva é a queda de um precipício de qualidade, é o término do que o filme tem de excelente.

É natural pensar que muito do que incomoda em Ilha do Medo vem justamente do poder de Scorsese em potencializar esse contraste. O brilhantismo na construção da atmosfera ressalta o esquematismo e a confusão do (mesmo assim interessante) roteiro. O que se nos deixa a sensação de ainda estarmos diante de um mestre (há algum tempo) no apogeu de seus domínios, também nos deixa a certeza de que ele já escolheu – ou escreveu – filmes mais bem resolvidos.

Visto em cabine de imprensa no Multiplex Iguatemi– Salvador, março de 2010.

Ilha do Medo (Shutter Island – EUA, 2010)
Direção: Martin Scorsese
Elenco: Leonardo di Caprio, Mark Ruffalo, Bem Kingsley, Max Von Sydow, Michelle Williams, Emily Mortimer
Duração: 138 minutos
Projeção: 2.35:1

8mm
Mãe – A busca pela verdade
Em Mãe – A busca pela verdade (Madeo – Coréia do Sul, 2009), de Joon-ho Bong, tudo é bem calculado, o mistério é cuidadosamente mantido, e o final é algo surpreendente. Sua mecânica, contudo, varia entre o completo domínio do meio e do público (é provável que em mais de uma vez você acredite estar certo quando não está), e uma necessidade – que me incomodou – de justificar a inserção de cada mínimo detalhe, de se assumir milimetricamente dominador e excessivo, pela potencialização da reviravolta. O que ele já tinha sido em O Hospedeiro (2006), é verdade, mas (talvez pelo fato de se tratar de um filme de gênero), o “deixar claro que tenho o controle”, pelo menos ali, parecia fluir mais naturalmente. Ainda assim, também como em O Hospedeiro, estamos diante de um entretenimento de altíssimo nível. Agora com um filme cujo gênero é menor que a mensagem. Aqui, ele faz uma defesa da cegueira do amor – e do viver bem isso. Bonito.

Filmes da semana:
1. O Medo do Goleiro diante do Pênalti (1972), de Wim Wenders (VHSRip) (**1/2)
2. Separações (2002), de Domingos de Oliveira (DVDRip) (***)
3. Mãe – A Busca Pela Verdade (2009), de Joon-ho Bong (Cinema da Ufba) (***1/2)
4. A Faca na Água (1962), de Roman Polanski (DVDRip) (***)
5. Intriga Internacional (1959), de Alfred Hitchcock (DVDRip) (****)
6. Ilha do Medo (2010), de Martin Scorsese (Cabine de imprensa – Multiplex Iguatemi) (***1/2)
7. A Câmara da Morte (2007), de Alfred Lot (DVDRip) (**1/2)
8. Onde Vivem os Monstros (2009), de Spike Jonze (Cinema do Museu) (***)
9. Quanto Dura o Amor (2009), de Roberto Moreira (Cinemark) (***)

* Couna 70mm também publicada no www.pimentanamuqueca.com.br.

sábado, 6 de março de 2010

Zumbilândia*





Auto-conhecimento


Zumbilândia
(Zombieland – EUA, 2009), de Ruben Fleischer, é uma adorável brincadeira sobre fazer um tipo de filme – o de zumbis americanos – fadado ao aparente esgotamento, e ter consciência disso. É saber da inevitabilidade de a que e a quem recorrer, mas – até para “justificar” a própria existência do filme – entregar um resultado com cara própria.

Cara essa que vem desde a apresentação dos créditos, ao som de Metallica e a sua For Whom The Bell Tolls, acompanhada por imagens em câmera lenta, dando um caráter estilizado e escancaradamente lúdico ao filme. Com esse cartão de visitas, Fleischer já deixa claro que o investimento é menos na crítica (embora ela exista) característica de George A. Romero (Noite dos Mortos Vivos, Diário dos Mortos) que no deslavado entretenimento pessoal.

No resto do filme, é perceptível – ou no mínimo deduzível – que ele se divertiu pacas em cada cena. Seja carregada de morte e de sangue, seja marcada pela construção dos personagens, que vão de absurdo e compreensível maquiavelismo à mais completa estupidez.

Antes de uma crítica ao roteiro e a Fleischer, essa estupidez entra como possível metáfora – o que os melhores filmes de Romero conseguem – para o comportamento do conservador norte-americano diante do mundo. E num mundo, possível apenas no gênero, cujo norte está no desejo de se divertir ao se filmar sangue e ao se preencher de peso a trilha sonora, no que remete – mais até do que a Romero – a Rob Zombie (das versões mais recentes de de Halloween e Halloween II).

Essa diversão ao se filmar e dirigir atores em diálogos pretensamente espertos, aliados a efeitos visuais claramente contemporâneos (para não dizer nati-mortos com destaque para a data), faz lembrar Guy Ritchie em edição melhorada. O que, se por um lado está longe de ser um elogio, por outro mostra que um diretor pode estar claramente atrelado ao seu tempo e aos vícios ligados a ele, mas ainda assim ter algo de genuíno dentro da massa amorfa: se nem tanto em o quê dizer, pelo menos em como dizer.

Ainda que tenha uma às vezes exagerada vontade de ser cool, Zumbilândia demonstra muito auto-conhecimento. Ciente de seus limites, expostos tanto na (falta de) pretensão como no próprio executar (a estilização e o diferencial vão até onde o talento pode levar), ele funciona como o entretenimento pessoal e sem vergonha que tenta ser.

Visto no Multiplex Iguatemi – Salvador, março de 2010.

Zumbilândia (Zombieland – EUA, 2009)
Direção: Ruben Fleischer
Elenco: Woody Harrelson, Jesse Eisenberg, Emma Stone, Abigail Breslin
Duração: 88min
Projeção: 2.35:1

8mm
A Fita Branca
É difícil falar sobre A Fita Branca (2009), que deve ganhar o Oscar de melhor filme estrangeiro no domingo (7). Como tudo de Michael Haneke, tem momentos brilhantes e cenas que devem se tornar indeléveis, mas não dá a certeza – o que provavelmente nem ele queira – de ser bom. Também como tudo dele, embora particularmente fique sempre com muita vontade de ler sobre, o desejo de revê-lo dentro de uma década é quase nulo. Ou seja, A Fita Branca, como as coisas Hanekianas funcionam para mim, é um filme que instiga e afasta com a mesma intensidade.
Ps: Filme cresce ao se pensar nele.

Resnais
Com um atraso monumental, vi o igualmente monumental (embora claudicante antes de engatar de vez na última meia-hora) Medos Privados em Lugares Públicos (2006), de Alan Resnais. Como alguém pode envelhecer fazendo filmes como esse e Ervas Daninhas (2009)? Não lembro quem disse (pensei ter sido André Setaro, mas não encontrei no blog dele a afirmação), mas alguém disse que Resnais era, possivelmente, o maior cineasta vivo. Talvez não seja, mas isso pouco importa. Sendo ou não, ele é alguém cujo talento perceptível se junta à vivacidade de um jovem no auge de sua forma – aos 87 anos.

Filmes da semana:
1. Sexy e Marginal (1972), de Martin Scorsese (DVDRip) (**1/2)
2. Zumbilândia (2009) (Multiplex Iguatemi) (***)
3. Encontros e Desencontros (2003), de Sofia Coppola (DVD) (****)
4. Linha de Passe (2008), de Walter Salles e Daniela Thomas (DVDRip) (**1/2)
5. Medos Privados em Lugares Públicos (2006), de Alan Resnais (DVDRip) (***1/2)
6. Aconteceu em Woodstock (2009), de Ang Lee (Cine Vivo) (**)
7. Valsas de Viena (1934), de Alfred Hitchcock (DVDRip) (***)
8. A Fita Branca (2009), de Michael Haneke (Cine Vivo) (***)
9. Filme de Amor (2003), de Julio Bressane (DVDRip) (**1/2)
Curta:
1. Cinema Novo (1967), de Joaquim Pedro de Andrade (DVDRip) (***)

* Coluna 70mm também publicada no www.pimentanamuqueca.com.br.