terça-feira, 26 de julho de 2011

Julho - até Cine Futuro

Começou ontem em Salvador o Cine Futuro, vou ver se escrevo um texto à parte sobre ele. Aí vão filmes vistos no mês, até hoje.

1. Bikini Bandits (2002), de Steve Grasse (média) (DVDRip) (*1/2)
Parece filme de publicitário com muita criatividade e pouca fé na imagem. O corta-corta atinge níveis estratosféricos, e o tesão fica apenas na ideia. Já que os biquinis e o corpos são personagens do filme, seria natural filmá-los com mais vontade, mais libido mesmo. Lá se vai uma semana e nada do filme fica, além de uma extravagância que soa como preguiça.

2. Prisioneiro do Sexo (1979), de Walter Hugo Khouri (DVDRip) (**1/2)
No sentido sexo e câmera, não podia ser diferente do outro. Walter Hugo Khouri demonstra carinho especial por cada plano, abusando de zooms e movimentos que chamam atenção para si, não importa se o objeto é um rosto ou o sexo. O porém é quando, quase sempre, a direção deixa de ser cuidadosa e passa impressão de narcisista, mais até que virtuosa. Não temos dúvida de que estamos vendo um filme, no bom sentido também, mas perde-se algo orgânico. Por outro lado, close final é prova definitiva de que ele tinha algo a dizer.

3. Sombras (1959), de John Cassavetes (Sala Walter da Silveira – DVD) (***1/2)
Gena Rowlands à parte, o close no rosto de Lelia Goldoni, em se tratando de Cassavetes, talvez só perca para o de Lynn Carlin em Faces (1968). Improviso oscila entre o “para que vemos isso?” e o fabuloso, com elenco e algo a dizer em sintonia com mise-en-scène. Além de racismo, que Cassavetes não abordou mais tanto em sua obra, personagens confusos e complexos já começavam a ser rascunhados.

4. Noite de Estreia (1977), de John Cassavetes (Sala Walter da Silveira – DVD) (****)
Noite de Estreia deve ter o melhor início e o melhor fim de Cassavetes, embora – caso oposto de Sombras – tenha diminuído em revisão. Talvez peque pelo excesso ao, em quase duas horas e meia de filme, investir tudo basicamente em uma personagem, Myrtle (Gena Rowlands), recheada de problemas, o maior deles talvez sendo o de envelhecer, especialmente depois de ver um fã morrer atropelada. Mas apesar de agonia poder cansar espectador, vemos em um só filme o amor ao teatro e ao ser humano, sem excesso de condescendência, além de muito cuidado com o cinema. Ao se filmar alguns de seus combustíveis (arte anterior, álcool), Cassavetes não se deixa embriagar por eles.

5. Assim Falou o Amor (1971), de John Cassavetes (Sala Walter da Silveira – DVD) (***)
“Cassavetes não nasceu para fazer comédia” é primeira impressão, mas filme não é (apenas) uma comédia. Ele mergulha nos personagens, em suas agonias e dramas, e nisso funciona como sempre. Seu humor varia entre o sutil (no diálogo) e o excessivo (no tom de personagens) e não me bate. Diferente da angústia e das idiossincrasias daqueles de quem fala.

6. Gigolô Americano (1980), de Paul Schrader (DVDRip) (****)
Se a trilha de Giorgio Moroder, como quase sempre, data o filme, não dá para dizer o mesmo do resto. Schrader acompanha um personagem e um mundo à parte, com o olhar crítico e humano, sem soar moralista nem ingênuo, exceção talvez feita ao final, com espécie de redenção agridoce, que para mim passa. Momento paranoico de Julian (Richard Gere) em carro lembra muito A Conversação (1974), de Coppola, embora resultado seja diferente. Schrader filma Julian como um profissional e um ser humano, o que ele é como qualquer outro, só que em um meio onde sua função não é “oficializada”. Diálogos afiados em um mundo que liga o submundo à alta classe, com poucas diferenças no fim das contas. Muito além de um filme de um (na época mais) roteirista (que diretor).

7. Jogo de Cena (2007), de Eduardo Coutinho (DVDRip) (****)
Parece uma tentativa de evolução do já excelente Edifício Master (2002), aqui talvez excessivo. Alguns depoimentos são, como no outro, um elegante e bonito convite às lágrimas. A diferença é que não sabemos, ou apenas desconfiamos, do que é real e do que é atuado. Até quando é possível estar anestesiado em meio a idas e vindas, e quando achamos que entendemos ou prevemos o que é real ou não, ele nos engana. Pouca gente consegue extrair tanta beleza do cotidiano.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Junho

14. Muro (2009), de Tião (Canal Brasil) (curta) (*1/2)
13. Não Reconciliados (1965), de Jean-Marie Straub (Walter da Silveira – DVD) (**)
12. What’s Happening! The Beatles in the USA (1964), de Albert Maysles e David Maysles (#In-Edit – Cinema do Museu) (**)
11. Os Sinais (2006), de Eugène Green (DVDRip) (**1/2)
10. Mulheres Apaixonadas (1969), de Ken Russell (**1/2) (Alexandre Robatto – DVD)
9. Gimme Shelter (1970), de Albert Maysles, David Maysles e Charlotte Zwerin (#In-Edit – Cinema do Museu) (**1/2)
8. Who Killed Nancy? (2009), de Alan G. Parker (#In-Edit – Cinema do Museu) (**1/2)
7. Copacabana (2010), de Marc Fitoussi (#Festival Varilux – Cine Glauber) (**1/2)
6. Potiche – Esposa Troféu (2010), de François Ozon (#Festival Varilux – Cine Glauber) (***)
5. Terra de Ninguém (1973), de Terrence Malick (DVDRip) (***)
4. O Vencedor (2010), de David O. Russell (DVDRip) (***)
3. Procurando Simon Werner (2010), de Fabrice Golbert (#Festival Varilux – Cine Glauber) (***)
2. Namorados para Sempre (2010), de Derek Cianfrance (UCI Iguatemi) (***1/2)
1. Meia-Noite em Paris (2011), de Woody Allen (Cine Glauber) (****)