No que tange as mulheres, embora elas não passem de fêmeas tolas e chatas, desde o começo já somos informados de que elas só fazem falar e nada dizer de pessoal – além de, no caso específico da “noiva”, ela nem conhecer a banda Rush –, o que pelo menos evita a decepção. Essa quase indiferença com relação ao sexo oposto só reforça um curioso olhar masculino que, se está longe de ser “másculo”, não é puramente gay. É um olhar que, além de fechado e ligado ao mundo do mesmo sexo, é sincero e, o mais importante, com um poder de mostrar um tipo de relacionamento cuja força pode ser sentida. Percebemos a afinidade, a química; acompanhamos a soma, não nos limitamos a ver o resultado.
Essa relação dentro de Eu te Amo, Cara, embora não tão brilhante, pode ser vista como uma hipotética versão de Encontros e Desencontros – de Sofia Coppola – idealizado por Judd Apatow e com um toque gay. Quando sobem os créditos, com um gosto de déjà vu temperado por uma bem vinda ironia, fica claro que a ligação maior é com o segundo. O que, se por um lado “diminui” o filme por sua forma estar próximo a uma fórmula, bom lembrar que, dentro de uma classe mais ampla – do tipo comédia-romântica-exportação-para-Multiplexes –, ele é um bastardo que se sobressai com louvor.
Filme: Eu te Amo, Cara (I Love You, Man – EUA, 2009)
Direção: John Hamburg
Duração: 105 minutos
Elenco: Paul Rudd, Rashilda Jones, Jason Segel, Sarah Burns.
8mm
Absurdo
Sidney Fife (personagem) e Jason Segel (de Ligeiramente Grávidos) são uma das maiores combinações de espontaneidade e carisma num tempo recente do cinemão comercial americano. Ponto.
Halloween
Assistir a Halloween (2007), de Rob Zombie, só potencializou meu desejo de gritar: “deixem o filme quieto”. O adendo é que, se no início a vontade era um pré-conceito baseado na ótima versão original (1978) de John Carpenter, depois ela ganhou coro pelo que fizeram com o coitado do Zombie.
A versão que assistimos não foi editada, e sim decepada – a edição brasileira tem apenas 83 minutos, contra 109 da versão já reeditada nos EUA (a original tinha 121). O “medo” da violência explícita levou a distribuidora a cortar novamente o filme, que tem algumas memoráveis quebras de ritmo – e de nexo. Que os distribuidores podem defender como elipses. É triste.
Seja como for, parece ter sido um castigo: mexeram no que não devia, de alguém que mexeu onde não devia. E embora exista algo de interessante nesse Halloween (alguma tensão, a máscara), ele definitivamente não ficou bom. E, no caso do Brasil, Zombie tem um álibi pra justificá-lo. Uma pena – nos dois casos.
Filmes da semana:
1. Halloween (2007), de Rob Zombie (cinema)
2. Born Into This (2003), de John Dullaghan
3. Nome Próprio (2007), de Murilo Salles
4. O Pagamento Final (1993), de Brian de Palma
5. Kafka (1991), de Steven Soderbergh
6. Eu te Amo, Cara (2009), de John Hamburg
7. Kill Bill Vol. 1 (2003), de Quentin Tarantino