segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

O corredor de Lola*

Isso não é um poema
ela diz.
Apoiada pelo óbvio.

Lola é um filme chato
ela diz.
Convidada pelo corredor
a acompanhá-lo
do lado de fora.

Sozinha
Sozinho
Nunca sozinhos.

Felizes
como o lado de cá do corredor.

Adolescência tardia não acaba.
O Décalogo
de Kieslowski.
Tarantino, Truffaut, Scorsese, Bukowski
Sofia Coppola, Clint Eastwood, Nelson Rodrigues
Zidane
Nunca sozinho.

Eles estavam certos.
Família é
a quem a gente recorre quando precisa.

O perdão pela heresia
é aberto.
O agradecimento pela companhia
também.

Salvador, janeiro de 2010

Lola
Tá certo que Corra Lola Corra é um bom filme, e também alemão, mas o assunto aqui é o Lola (1981), de Rainer Werner Fassbinder. Que não é só uma obra-prima de cores e interpretação, mas também uma antologia de grandes cenas cujo contraste está mais no mérito dos altos que no demérito dos baixos. Além de ser outra prova (embora não a principal) de que Fassbinder, se não foi o maior, foi um dos maiores filmadores de rostos da história do cinema. É coisa de talento – para todos os lados.

Zidane
Não lembro de já ter falado, aqui na coluna do Direitos, sobre futebol. Mas, aproveitando a carona do óbvio, nunca é demais lembrar, para quem gosta de agradar os olhos, que pouca coisa é, ou já foi, tão cinematográfica como ver Zidane jogar. Para quem gosta de futebol – já que o filme é menos uma defesa do cinema e das potencialidades de se filmar o caso do que de quão cinematográfico o próprio jogador é – vale a pena assistir ao Zidane – Um Retrato do Século XXI (2006), de Philippe Parreno e Douglas Gordon.

* Coluna Cinebar originalmente publicada na edição de fevereiro (também impressa) do Jornal Direitos - www.jornaldireitos.com.br.

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