terça-feira, 2 de novembro de 2010

Sobre últimos dias

Embora admire Visconti, é curioso como seus filmes – ou pelo menos os que já vi – não batem à primeira vista. Ao final de Belíssima (1951), quase digo “não gostei”, em situação idêntica a Morte em Veneza (1971), Noites Brancas (1957) e O Leopardo (1963), três que preciso rever.

Nesse campo, inclusive, dois dos filmes revisitados mostraram-se distintos de impressão inicial.

Na primeira vez que assisti a A Dupla Vida de Veronique (1991), de Krzysztof Kieslowski, estava na mais fanática fase consumista, resumia aos filmes a “compro ou não compro o DVD”. Na época, queria-o loucamente, já que apenas o final me incomodou, por parecer uma tentativa de explicação poética. “Mas que poesia?”, me pergunto hoje. O filme soou um Kieslowski apenas envernizado, sem a inspiração da maior parte de seu Decálogo (1989).

Por outro lado, e aí vem uma bomba, como consegui não gostar do primeiro contato que tive com François Truffaut e seu Jules e Jim (1962)?

Dia desses relia o Grandes Diretores de Cinema e vi que o filme, ou mais especificamente seu início, foi influência até para nada menos que Bons Companheiros (1990), de Martin Scorsese. Com o olhar de hoje, e a lembrança de algumas idas à obra-prima de Marty, filmes são bem diferentes, e cada um ligado a seu tempo, sem parecerem datados por isso.

No caso de Truffaut, todo o contexto do avanço do feminismo, com a Segunda Guerra ainda na memória da maioria dos vivos, mas também uma história sobre pessoas com muito sentimento e nem tantas respostas ou soluções felizes. Pessoas que nunca deixarão de existir.

Já em Scorsese, presenciamos a linguagem MTV elevada a um perceptível e inimaginável grau de controle, só que aliado ao ápice de sua montadora Thelma Schoonmaker. Depois dali, ela estreitou sua ligação com a tesoura, mas Ilha do Medo (2010) voltou a lembrar o que podemos ter de melhor dele. Que continuem assim.

Últimos filmes:
1. A Dupla Vida de Veronique (1991), de Krzysztof Kieslowski (DVD) (**1/2)
2. Jules e Jim – Uma Mulher para Dois (1962), de François Truffaut (DVD) (****)
3. Piaf: Um Hino ao Amor (2007), de Oliver Dahan (DVD) (**1/2)
4. Enfim Viúva (2007), de Isabelle Mergaut (Cine Vivo) (**1/2)
5. Touro Indomável (1980), de Martin Scorsese (DVD) (****)
6. Dois Irmãos (2010), de Daniel Burman (Cinema do Museu) (***)
7. Asas do Desejo (1987), de Wim Wenders (DVD) (***)
8. Belíssima (1951), de Luchino Visconti (DVD) (***)

Um comentário:

Alexandre FABBRI disse...

Então, você gosta do filme, A Dupla Vida de Veronique? Bem, por favor adicione-se ao meu livro de convidado e colocar os detalhes de seu site, para os meus visitantes a ler. Se você tiver alguma dúvida, não hesite em perguntar. Desejo-lhe uma noite muito boa!