sábado, 14 de setembro de 2013

Além da boa referência

Pode ser que eu mude de ideia até o final da temporada, pode ser que a digressão com o tempo perca o sentido, mas hoje ligo Bates Motel (2013-...) a Mad Men (2007-...).

Embora a primeira tenha sido adaptada aos dias atuais, as duas têm como base inicial o final da Era de Ouro de Hollwood, quando grandes artesãos faziam cinema. O tripé, a sobriedade de enquadramentos, a narrativa clássica, a busca pelo simples sem pretensões gritantes, está tudo lá.

Mas se em Mad Men temos uma série de personagens mais que de ações, Bates Motel quer honrar Hitchcock, talvez o maior em juntar mise-en-scène e fluência.

O problema é que, apesar de ter como referência um tempo em que a forma geralmente coexistia harmoniosamente com o roteiro, Bates Motel não tem a mesma leveza.

Mesmo que a série esteja longe de tentar ser um manifesto existencialista, nem tudo fala a mesma língua.

Freddie Highmore, o Norman Bates, está geralmente contido e irritante, é daquele personagem cuja insegurança pode passar impressão de ser do ator, mas hoje me convence. Já os pitis de Vera Farmiga (Norma) às vezes são constrangedores, e destoa da atuação do resto.

Outro ponto é que, no quinto episódio, temos alguns dos mais estranhos enquadramentos que vi recentemente, o que em teoria não é problema, mas se torna um quando seu resultado visa um fluxo narrativo, a atenção presa na história. O plano muito diferenciado soa como malabarismo e abre um parêntese.

Divagação à parte, que seja louvada a boa intenção de ter como referência época e diretor que hoje parecem esquecidos ou pouco vistos por grande parte dos que fazem cinema. Ela tem bons momentos, mas ainda espero ter impressão melhor quando acabar a temporada.

* Também publicada no http://cinematotal.com/la.

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