sábado, 6 de outubro de 2012

Cinema em série*


Mad Men é uma anomalia do bem.

Não é exatamente divertida, nem tem um protagonista ultra carismático, como no caso de Big Bang Theory (Jim Parsons) ou Californication (David Duchovny), por exemplo. Não tem serial killer, não tem sobrenatural, não tem maniqueísmo. Dá para dizer até que todo mundo tem caráter duvidoso o suficiente para não se criar uma empatia pública. Ou seja, Mad Men pouco ou nada tem que, de antemão, já atraia a curiosidade de um grande público. Mas, ainda que se pondere o fato de ser exibido em uma TV a cabo (AMC), ele se mantém com episódios que são no mínimo bons média metragens e que, no sétimo episódio da quinta temporada, resume a série e beira a perfeição.

Está ali tudo de bom que tivemos nos últimos cinco anos. Ótimas atuações, a direção com enquadramentos que conciliam o esmero e a fluidez, o não dito e o jogo de aparências, o lado podre da publicidade e da Nova Iorque dos anos 60. Só que tudo isso potencializado no episódio em que o ponto de vista é de Sally (Kiernan Shipka), uma criança.

O primeiro telefonema, a ida para a casa de Don (pai, Jon Hamm), o encontro com a madrasta e os pais franceses dela, o problema e a solução com um cliente, a discussão para ir ao baile, e o que acontece lá. Tudo isso intercalado com a ansiedade de Peggy (Elizabeth Moss), uma mudança em sua vida e a notícia dada a mãe, que nos leva de volta à premiação, onde uma mesa é palco de imagem simples e cheia de significado.

Depois tem-se um talvez descartável telefonema, cuja última palavra vem acompanhada de corte brusco que ela merece. Mas tudo o que leva a ele, naquela pouco mais de meia hora, é dos melhores momentos do ano.

* UFPV também disponível no http://cinematotal.com/la.

Nenhum comentário: