quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Cisne Negro



Após a sessão de Cisne Negro (Black Swan – EUA), fiquei com a impressão de que O Lutador (2008), sobre o qual escrevi aqui, parece menos uma mudança de rumo que uma exceção na carreira de Darren Aronofsky. Voltamos a ter personagens castigados e sofridos, de quem a câmera quase nunca se afasta, mas as semelhanças no lidar com eles não vão muito além. Infelizmente.

Aronofsky filma ainda mais próximo do foco, agora a bailarina Nina Sayers, na outra vez ótima Natalie Portman, em quase todos os planos do filme. Mas essa direção que beira a claustrofobia não se traduz em um aumento de empatia ou de busca por uma maior expressividade da protagonista. Nem parece que isso foi tentado, aliás.

O uso da câmera atrás e bem próxima, se por um lado pode ajudar na manutenção do público sempre grudado à personagem, por outro deixa recurso com aparência excessiva. Além dela, o uso de pouca luz, de fortes imagens em planos fechados, os rápidos movimentos de câmera, o abuso da trilha sonora, tudo parece querer o aumento da tensão, o que de fato é obtido às vezes. O problema é que Aronofsky dilui o que poderíamos deduzir, ou pelo menos tentar, na maior parte do tempo. Nessas horas ele parece voltar a Réquiem para um Sonho (2000), do qual até gosto, mas no que aquele tem de pior. Vemos, novamente, muitas imagens e sons que parecem querer justificar sua existência na base do excesso (pode-se falar em afetação), seja de uma pretensa força, seja do volume.

O porém é que, na mescla entre o chocar, ser sensível, ter o suspense como ritmo e imagens de horror, o filme se perde. Aronofsky tem coragem ao misturar tudo e investir tanto no lado do pesadelo, e é feliz em alguns momentos, auxiliados por um elenco e música de qualidade. Só não me soou suficiente, nem próximo do que de melhor ele tem.

Visto no Espaço Unibanco/Cine Glauber – Salvador, fevereiro de 2011.

Ps: Às 16h de uma terça-feira, a sala - com capacidade para 197 pessoas - estava quase lotada.

Um comentário:

ANTONIO NAHUD disse...

Vi o filme curioso por saber para que lado me inclinaria: contra ou a favor. Resultado, não consegui gostar muito dele, não. Mesmo assim, é impossível negar que “Cisne Negro” provoca o espectador e a beleza da atuação de Natalie Portman.
Abraços,

www.ofalcaomaltes.blogspot.com